quarta-feira, 19 de junho de 2013

SAIBA MAIS SOBRE O LÚPUS, DOENÇA AUTOIMUNE QUE ATINGE MAIS AS MULHERES


Especialista fala sobre o problema e da importância de reconhecer e mudar os hábitos

 


Em "Amor à Vida", a doce personagem Paulinha (Klara Castanho) passa pelo drama de ter que fazer um transplante de fígado. A menina teve uma falência do órgão por causa do lúpus, nome curto de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), uma doença inflamatória autoimune e crônica, que pode acometer um ou mais áreas do corpo. Quem sofre desse mal tem fases nas quais apresenta os sintomas, chamadas de “períodos de atividade”, e fases chamadas de período de remissão, nos quais eles passam e ficam despercebidos. Quem desenvolve o lúpus precisa aceitar a doença e aprender a conviver com ela, e o diagnóstico precoce é peça-chave para uma vida normal. 

  “O lúpus é classificado entre as doenças inflamatórias, em que a pessoa tem inflamação, que pode ocorrer em vários locais e órgãos. Com os órgãos acontece a mesma coisa: quando uma inflamação surge na pele, ela fica irritada, vermelha, dói”, explica o doutor Evandro Klumb, coordenador da comissão de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia e presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro. Ele conta que quando acontece no pulmão, a pessoa tem dor ao respirar, e que cada órgão terá um sintoma ligado a isso. 

A doença tem uma suscetibilidade genética e é ocasionada por um desequilíbrio no sistema imunológico, fazendo com que o indivíduo produza uma quantidade muito alta de anticorpos, que reagem com as proteínas do corpo. Além de estar relacionada à genética, o mal também está ligado a fatores ambientais, como o tabagismo, radiação ultravioleta, que pode ser da luz do sol ou mesmo mecânica, como a das lâmpadas fluorescentes, e alta quantidade de estrogênio, o hormônio feminino. 

Embora ainda não exista nenhum mapeamento oficial sobre o lúpus, a Sociedade Brasileira de Reumatologia estima que cerca de 250 mil pessoas sofram do mal no Brasil, principalmente as mulheres. Apesar de poder se manifestar em qualquer fase da vida, Evandro diz que ela é tipicamente associada a fase em que a mulher começa a menstruar e ao período fértil. “Mulheres na gravidez ou que usam estrogênio no anticoncepcional têm maior ativação da doença”, completa. 

O diagnóstico

“O tempo médio de diagnósticos no Brasil é de 18 meses. Se a descoberta ocorre em uma fase muito avançada, a pessoa pode ter um dano definitivo em um dos órgãos, isso porque houve uma perda do tempo na fase em que era passível de controlar o desenvolvimento”, conta o doutor Klumb. Para chegar a um diagnóstico, são feitos exames clínicos e laboratoriais. Embora não exista um exame específico, pelos resultados combinados é possível descobrir o lúpus. 

De acordo com o especialista, há quem tenha versões leves do lúpus, enquanto outros já no início da manifestação têm um quadro mais grave. “Quem tem o sistêmico, que acomete os órgãos internos, está no grupo no qual a mortalidade é alta, já que pode ser de até 20% em 10 anos entre essa população”, fala. Entender se a doença é sistêmica ou cutânea, na pele, é muito importante para elaboração do tratamento e redução dessa taxa de mortalidade. 

Mudança de hábitos

O médico diz que o lúpus não tem cura, do ponto de vista que não existe um medicamento que acabe com a doença para sempre. “Você consegue um controle muito bom da doença, com exames totalmente normais e sem alterações. Ela flutua, fica ativa por uma das provocações citadas (muita radiação UV, tabagismo, excesso de estrogênio e doenças como a tuberculose) e a pessoa volta a sentir os sintomas, para depois passar novamente pelo período de remissão”, explica. 

O doutor Klumb frisa que é muito importante o cumprimento estrito e muito disciplinado do tratamento. Também é importante seguir as medidas indicadas, como a fotoproteção, não fumar e fazer atividades físicas regularmente. “Isso determina uma melhora do quadro. O necessário é primeiro conhecer para poder mudar, aceitando a doença e a enfrentando a pessoa fica muito bem”, finaliza. 


Fonte: daquidali

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